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Os problemas sociais e o "Rolezinho": uma reflexão

No final do ano passado – 2013 – um termo coloquial, mais especificamente, uma gíria, ganhou concretude e notoriedade nacional e até internacional. Quando um grupo de jovens da periferia da grande São Paulo resolveu se encontrar em um Shopping Center para se divertir, fazer amizades, ouvir música e paquerar, tudo isso em um local onde todo mundo pode frequentar livremente, certo?

Errado! Em pouco tempo a gíria “Rolezinho” ficou conhecida quando a polícia militar foi acionada para retirar os jovens periféricos daquele antro de consumo e ostentação. Chegado, o poder estatal armado agrediu e proibiu o exercício do direito constitucional de ir e vir de jovens e adolescentes em um local, embora privado, mas de compras e consumo coletivo. Não entendendo qual a contravenção ou crime cometido por todos os jovens, cabe a reflexão: seria o episódio “Rolezinho” mais uma amostra do quanto somos preconceituosos e segregacionistas? É possível negar a origem, aparência, cor da pele, classe social e condição econômica daqueles jovens agredidos e proibidos de frequentar um local de livre trânsito de pessoas? Como se não fosse o bastante, os donos de outros Shoppings Center colocaram barreiras, tapumes e seguranças proibindo os rolês de outros jovens da periferia. Não deu outra, jovens conscientes de outros estados se solidarizaram e realizaram outros “Rolezinhos” dando visibilidade ao preconceito social ora velado ora escancarado – como esse caso – que como chaga marca mais essa dívida social do Brasil.

Faz-se mister lembrar: ainda que tenham sido registrados alguns roubos e furtos não foram todos os jovens ‘enquadrados’ que fizeram parte da ação, nem se sabe, ao certo, se foi algum dos jovens marginais – enquanto à margem da sociedade – que ali estavam com o objetivo de se divertir e se mostrar, por que não?

Existem muitas notícias que podem nos ajudar a pensar não ser este o único caso no qual pessoas economicamente não incluídas são excluídas, agredidas e até mortas em grandes centros de compras onde as classes mais abastadas são maioria. Para tanto, é só rememorarmos o caso do motorista morto após ser deveras agredido pelos seguranças no Shopping Jardins, aqui de Aracaju, na noite do sábado do dia 11 de fevereiro de 2012.

Gostaríamos muito de ajudar o leitor a concluir de outro modo que não observando, ainda, a existência, em pleno século XXI, de agressão, morte violenta e exclusão de pessoas por questões como condição econômica, cor da pele, peso, classe social, localidade onde reside etc., como se isso se justificasse de algum modo. Seria mesmo somente o medo da violência – a qual cresce vertiginosamente em nosso Brasil, detalhe, a maioria dos jovens é mais vítima que causador da maior agressão – o responsável por tanta discriminação? Pois, a maior agressão se já não fosse negar a estes jovens educação, cultura, saúde, trabalho e muito mais, é negar-lhes também o lazer e o direito de ir e vir. É, meus caros e minhas caras, mais uma vez a única coisa que nos resta, de modo urgente, além da reflexão e formação sobre o assunto, é nos manifestarmos diante de tamanha manifestação de preconceito e segregação social, isso é claro se for nosso intento viver em uma sociedade com cada vez menos preconceitos e problemas sociais.

Por Fernando Gramoza
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