Ônibus coletivo: problemas públicos e lucros privados
Os ônibus coletivos são tidos por transporte público, pois são “emprestados” ao Estado por concessão, em virtude do contrato realizado através de licitação. A não ser que seja em caráter de urgência, como é o caso dessa empresa que chegou recentemente de Recife – com seus ônibus velhos e, irrisórios ônibus novos – para Aracaju em vias de suprir, rapidamente, a necessidade de locomoção de seus habitantes, deixada pela saída de uma outra empresa, que, por problemas administrativos, não honrou seus compromissos tendo que revogar o contrato com a prefeitura e fechar as portas.
Do parágrafo acima posto, é possível perceber que os ônibus nunca deixam de ser dos ricos empresários, é só observar onde estão as “latas velhas” da empresa que não honrou o contrato. Como escrevemos no texto anterior, continuaremos refletindo sobre os ônibus, desta vez acerca da relação entre usuários e empresários que entre aqueles, tal como fizemos outrora.
É para as contas desses empresários que vão os exorbitantes lucros obtidos a cada ciclo das tantas catracas nos ônibus e nos terminais. Já para o povo, além dos – cada vez maiores – gastos com deslocamento, vão também os apertos e problemas frutos da qualidade – ou melhor, da falta desta – dos ônibus oferecidos. A renovação da frota foi para trocar goteiras, assentos soltos, desconfortáveis e quebrados, barulhos dos motores e da falta de ajuste das portas e estrutura, janelas que não abrem, locomoção para cadeirantes que não funcionam etc., pela tendência a economizar no espaço internos dos ônibus: assentos cada vez mais compactos, o espaço entre o cabrador e o motorista cada vez menor, o corredor cada vez mais apertado. Tudo fazendo com que as viagens sejam cada vez mais extenuantes, com usuários se espremendo e se digladiando ao transitar no interior dos ônibus. Sem contar que estes novos ônibus nos faz questionar o conceito da palavra 'novo', pois alguns já quebraram.
Ao fazer um esforço mental, arriscamos dizer que os leitores mais jovens não se lembrarão quando foi realizada uma licitação na terra do Cacique Serigy. O que pode fazer pensar que alguns 'caciques' continuam a ditar as regras a serem seguidas pelas mais diversas 'tribos'. Um exemplo disso é que ninguém é multado pelo fato de não haver sinto de segurança e o povo ser transportado como carga bovina, de pé.
Com o que propomos refletir é possível pensar que, quebrar algumas janelas e afins, de ônibus que já são quebrados, 'armengados' e não correspondem à real necessidade do povo, tal como ocorreu e ocorre nas manifestações contra as altas tarifas e sucateamento das frotas, não é, necessariamente, apedrejar patrimônio público, pois o nosso dinheiro serve para comprar os ônibus e enriquecer os empresários. Entretanto, estes lucros além de não serem revertidos em melhorias e diminuição do valor da passagem, é para garagem dos ricos empresários que os ônibus voltam ao final de cada dia. E o povo trabalhador e honesto que paga sua passagem diariamente? A este sobram as migalhas das mesas dos empresários, a insegurança de assaltos, transportes precários, motoristas que “batem lavanca” (segundo eles mesmos) e não dirigem como se transportassem seres humanos, aumento de tarifa – que é geralmente negociado nesta época de final de ano – etc. Muita insegurança não?! É imperioso abandonar a passividade rumo a melhoria dos transporte público e de tantos outros dos direitos sociais!
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