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Marlon Delano e a arte de fazer cinema com baixo custo

A cena audiovisual sergipana tem revelado muitos talentos e Marlon Delano, sem dúvida alguma, é um dos grandes destaques do meio. Com apenas 25 anos, o aracajuano já dirigiu onze curtas, ganhou um prêmio nacional e outros dois regionais, além de ter ficado duas vezes entre os melhores do Brasil.

Confira a entrevista:

JS- O cinema sempre foi um sonho? Como ele se apresentou pra você?
Não, na verdade sempre quis ser Arquiteto, mas sinto extrema dificuldade com números, sempre gostei muito de todo tipo de arte pensei em ser tudo que fizesse parte desse meio, design, desenhista, artista plástico, mas o cinema veio em último plano através de um amigo de infância que tinha a ideia de fazer cinema e a gente brincava com uma câmera antiga fazendo pequenos vídeos. 

JS- O micro metragem “Sede e Saudade”, que concorreu no Festival Claro Curtas em 2009, foi a sua primeira produção cinematográfica. Fale-nos dos desafios de realizar o primeiro trabalho. 
Sempre fui um faz tudo, escrevo, dirijo, gravo, edito, finalizo. Atualmente estou mais focado na direção geral e direção de fotografia. O “Sede e Saudade” foi produzido com celular onde o tema era “O que é ser digital?” Eu tinha acabado de entrar na faculdade e resolvi participar usando minha avó como atriz e o lugar onde ela mora, o curta ficou entre os 10 melhores do Brasil mas foi desclassificado por eu não ter direito sobre a música que foi usada, hoje já tenho esse direito cedido pelo próprio artista não só a música usada no curta mas como todas as suas músicas. Ano passado o Sede e Saudade ficou entre os cinco melhores micro metragens do Brasil segundo o festival Cel.U.Cine.

JS- O mais fascinante da sua obra, é que você consegue fazer produções de destaque, com poucos recursos. Quais as dificuldades e alternativas em referência aos custos de produção e seleção de atores?
Quando começo a escrever o roteiro, logo começo a imaginar quem se encaixa ou não no papel, na grande maioria, todos os atores ou amigos que “forço” a virarem atores sempre aceitaram o papel. Os custos são o grande problema. Meu curta mais caro foi o “Vida Social” que custou uns 50 reais (risos), meus amigos sabem que não tenho grana ainda para pagar os trabalhos e sem eles sinceramente eu não seria nada hoje. O lado bom das dificuldades é que aprendemos a improvisar, cortar custos.

JS- “Os Gritos da Rua Barão” que é um filme que mistura suspense e terror, é o seu mais recente trabalho e obteve muito êxito na internet. Você aguardava tamanha repercussão?
Os Gritos da Rua Barão foi fruto de uma pequena promoção que fiz no facebook, as pessoas me enviariam contos, um deles seria selecionado e viraria um curta, eu precisava de um que fosse relativamente simples de se fazer e com custo próximo a zero. Quando postei o filme pronto no youtube e 24h depois vi quase 4 mil visualizações levei um susto, realmente foi maior do que eu esperava ainda mais para numa produção sergipana que geralmente não ultrapassa 3 mil visualizações. Hoje o número de visualizações se aproxima dos 11 mil, pode parecer pouco, mas para proporções Aracajuanas de um produto pouco conhecido é sim bastante. Tive muita sorte nessa produção, temos música da Banda Maldita do Rio de Janeiro, a participação da atriz Malu Stanchi, que recentemente integrou elenco da novela Aquele Beijo da TV Globo. Houveram vários problemas na execução, tínhamos uma hora para gravar tudo, algo que prejudicou um pouco, mas conseguimos deixar o “filme de pé”.

JS- Quais os próximos projetos?
Tenho cerca de quinze roteiros escritos, mais uns cinco roteiros bons de amigos que me enviam e outras dezenas de ideias no papel, mas ainda tenho que ver o que é viável por hora. Tenho três projetos em vista que serão os próximos a serem executado, um é o esperado The Walking Dead Aracaju, outro será uma websérie de terror com oito episódios levando em conta o sucesso de Os Gritos da Rua Barão, quem sabe a gente tenha sorte de destacar Sergipe no Audiovisual, haverá também um curta de drama sobre uma garota viciada em sexo com homens mais velhos.

JS- O que almeja para o futuro?
Meu grande sonho é ver Sergipe se destacar nacionalmente. Aqui tem muita gente boa com muito talento, mas, de mãos amarradas pela situação que nossa cultura se encontra. Sonho em fazer uma produção que se espalhe pelo país, somos muito esquecidos quando o assunto é arte. Somos o menor estado do Brasil e um dos mais ricos. As coisas poderiam ser mais fáceis para nós, mas infelizmente não são. O cinema não é só ficção, o cinema traz realidades, ajuda pessoas, gera grande número de empregos e tem um bom retorno se feito de forma correta.

Uma suposta casa na Avenida Barão de Maruim, uma das mais movimentadas da capital sergipana, é palco para acontecimentos estranhos. Assista na íntegra o curta metragem “Os Gritos da Rua Barão”: http://www.youtube.com/watch?v=61--bDIlazY

Além desse, A Força da Farinha, Domum, Vida Social, Superdose, Atividade Paranormal Aracaju, Lembranças, O Campo da Menina, Toques de Solidão e Sede e Saudade podem ser vistos no canal do diretor no Youtube: www.youtube.com/marlondelanoav
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