Entre os contornos do esperado discurso presidencial
Às 21:00 horas do dia de hoje, 21 de junho do corrente ano, foi um dos momentos mais esperados das últimas semanas. A então Presidenta Dilma Roussef faria um pronunciamento sobre as manifestações populares. E o fez. De forma retórica e causando impacto em suas declarações.
Nas últimas semanas, crescentes ondas de protestos irromperam em todo o Brasil, nas capitais e em outras cidades multidões foram às ruas protestar sobre diversas mazelas que assolam o país. De início, foi abuso no aumento das tarifas do transporte público que, diga-se de passagem, sucateado. Esse germe contaminou outra plantação. Nela estavam sendo cultivadas; basta de corrupção, foro privilegiado, intolerância à violência urbana, entre muitas outras. E uma que tem estado em grande evidência nas multidões. A não aceitação da PEC 37.
No discurso de hoje, a Presidenta declarou que enviaria ao congresso um projeto que destinaria 100% dos royalties para a educação, bem como um maior investimento em diversos setores. Plano de mobilidade nacional, importação de médicos do exterior em caráter urgente.
Não devemos dizer que a Presidenta não se expressou bem. Não. Mas devemos pontuar que; foi preciso tantas manifestações para um presidente decidir que educação é prioridade? Foi preciso acontecer manifestações violentas, vandalismo e saques por uma parte destituída das intenções reais das manifestações para a educação ser posicionada em tal patamar? Outra questão; importar médicos do exterior? Não seria mais proveitoso para o desenvolvimento da nação investir nos estudantes de medicina do país e fiscalizar as faculdades que vendem diplomas colocando em risco a vida dos cidadãos e médicos fantasmas no SUS? Melhorar a condição de trabalho dos profissionais de saúde será bem mais satisfatório para os filhos da nação do que contratar profissionais estrangeiros.
Nenhum brasileiro é a favor da violência Presidenta. Tendo isso como evidente, imaginamos que você também não seja. Certamente, uma grande parte da população esperava que vossa excelência fizesse menção à PEC 37. Sendo aprovada, qual o sentido de destinar tal quantidade de verbas se o Ministério Público estaria de mãos atadas para investigações políticas. É um caso a ser refletido.
Ainda, vale lembrarmos que a iniciativa de destinar 100% dos royalties não é recente. Ano passado tivemos discussões sobre a proposta de destinar os royalties para municípios que não são produtores de petróleo. A decisão foi atacada por diversos parlamentares. Talvez, agora que o povo se mostrou inconformado com a situação, a peça contorne rumos diferentes dos antes vistos.
Por Edivan Santtos
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