Projeto resgata memória da Escola Normal
Os 142 anos de história do Curso Normal de Sergipe serão digitalizados. O projeto “Memorial do Ierb: ação de preservação da memória da história escolar” é o responsável pela catalogação e digitalização de todo o acervo do curso, que funciona atualmente no Instituto de Educação Rui Barbosa. A ação é do Governo de Sergipe, através da Secretaria de Estado da Educação (Seed), em parceria com a Universidade Tiradentes (Unit).
De acordo com o secretário de Estado da Educação, Belivaldo Chagas, essa ação irá preservar o patrimônio e a história da educação pública sergipana. “Também vai facilitar o acesso à informação, que é de extrema relevância para a pesquisa e para o entendimento da história da educação em Sergipe”, afirmou.
Uma das coordenadoras do projeto, professora Kátia Carmo, explicou que atualmente estão sendo feitas a limpeza e a catalogação dos documentos. Após essa etapa, o acervo será digitalizado. “Como os documentos estavam muito deteriorados, transferimos todo o material para uma sala arejada e estamos fazendo a higienização, para depois elaborarmos um catálogo completo do acervo e fazer sua digitalização. O acervo remonta à história da educação em Sergipe e será um presente para os educadores e toda a sociedade”, disse a professora.
Por essa razão, a professora Cristiane Santana Lima, coordenadora do projeto pela Unit, não pensou duas vezes em se engajar nesse trabalho. “A Unit se preocupa muito com a memória do nosso estado, então abraçamos essa ideia e criamos um projeto de extensão com alunos bolsistas do curso de história”, explicou.
Com a participação desses alunos ela disse que vai poder fazer um trabalho mais ágil e eficiente. “Queremos deixar para gerações futuras a história do curso normal, que foi criado em 1870”, declarou a professora.
A professora Edwilma Araújo dos Santos, diretora do Ierb, relatou a importância dessa ação para o estado de Sergipe. “Esse projeto irá preservar a história da formação de professores no nosso estado e criar um memorial do curso normal e o museu do professor, salvaguardando móveis antigos, documentos e outras peças do acervo do Ierb”, revelou a diretora.
Etapas do trabalho
Fazem parte também da coordenação do projeto as professoras Silvânia Santana Costa e Patrícia Francisca Matos Santos. A professora Patrícia informou que os trabalhos estão em fase de limpeza seca da documentação, organização e catalogação, empacotamento e elaboração do catálogo completo do acervo. “Após essa etapa, o acervo será totalmente digitalizado e serão criados o memorial do Instituto de Educação Ruy Barbosa e o museu do professor em Sergipe”, informou a professora.
Por isso, a estudante do curso de história e estagiária do projeto, Maria dos Prazeres Nunes, está empenhada em seu trabalho e honrada por contribuir para eternizar o acervo do IERB. “É um trabalho muito prazeroso que não deixa cair no esquecimento a história do curso normal e do Instituto de Educação Rui Barbosa. Fico feliz em fazer minha parte e dar minha contribuição”, afirmou a estagiária.
O Ierb
O curso normal foi criado em 1870, pelo presidente da província de Sergipe, Francisco Cardoso Júnior. Nesta época as aulas aconteciam no Colégio Atheneu Sergipense. A Escola Normal foi fundada em 2 de fevereiro de 1874, oferecendo vagas somente para homens. As mulheres foram contempladas com as vagas a partir de 1877. No ano de 1923 a escola recebeu a denominação de Escola Normal Ruy Barbosa, e somente em 1947 passou a ser denominada Instituto de Educação Ruy Barbosa. A escola funcionava no prédio onde hoje está instalado o Centro de Turismo.
Atualmente, o Ierb está com sua última turma do curso normal, composta por 236 alunos matriculados nos turnos da manhã e noite. O instituto irá funcionar com o curso profissionalizante técnico em secretaria escolar.
Personalidades ilustres
Personalidades ilustres da sociedade sergipana lecionaram ou estudaram no Instituto de Educação Ruy Barbosa. Um exemplo é a professora Hermínia Caldas, presidente da Coordenação de Educação Moral e Cívica da Seed. “Ingressei no serviço público na escola normal onde lecionava latim, francês e português. O Ierb tem um valor inestimável para Sergipe, pois formou gerações de grandes professoras dedicadas a sua profissão e que contribuíram muito para a grandeza intelectual do nosso estado”, revelou a professora.
Para a professora Hermínia, a decisão do Governo de Sergipe de digitalizar o acervo da escola normal é fundamental para que as novas gerações possam conhecer a história da educação do estado, “possa pegar, tocar e perceber como a educação pública foi construída”.
Uma dessas profissionais que estudou no Ierb foi Maria Lígia Madureira Pina, escritora e membro da Academia Sergipana de Letras (ASL). Ela contou sua experiência como aluna e também como professora do Instituto. “Estudar na Escola Normal foi uma das experiências mais belas de minha vida. Era uma escola democrática que não discriminava ninguém e tinha um corpo docente brilhante. Acho uma ideia maravilhosa preservar o rico acervo da escola”, disse a professora.
Ela se emocionou ao dizer que também lecionou no Ierb e que de aluna passou a ser colega de grandes professores. “Foi o meu primeiro emprego público e pude reencontrar os meus mestres que passaram a ser meus colegas. O Ierb foi o grande celeiro da intelectualidade feminina sergipana. Lá estudaram a primeira médica, a primeira dentista e a primeira farmacêutica de Sergipe”, revelou a professora Lígia Pina.
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